" Cheguei ao meu limite! Sem energia, sem proteção! Me rompem os muros e me expando em bolhas, me sequestram os valores e funções... Ah! se todas as membranas que me constituem se garantissem! Mas atearam fogo em toda a minha estrutura, o bando de vilões letais!"
Caro leitor,
Tratamos a respeito de lesão celular! Um olhar mais aprofundado e dinâmico se passa quando retrata-se as alterações que podem acontecer na intimidade da célula. Você pode se perguntar a que se deve esse ponto de irreversibilidade, caso seja estudante da disciplina de patologia, já lhe é esclarecido que as lesões celulares podem ser reversíveis ( Quando consegue se adaptar, mantendo sua homeostase e voltar a sua normalidade ) e irreversíveis ( Resultando em Morte celular; independente de eventos de oncose ou disparo para uma apoptose).
Relembrando!
As Causas das lesões celulares: Hipóxia, Traumas, Agente químicos, Microorganismos, inflamações, Anormalidades genéticas, Acúmulos celulares
Enfim! Agressores...
Mas os vilões ainda estão escondidos!
As lesões celulares resultam de anormalidades funcionais e bioquímicas em um ou mais componentes celulares. São eles:
- Diminuição do ATP --- O que ocasionam: * Falha da bomba de sódio * Aumento da glicólise ( gasto de glicose, glicogênio e queda de Ph celular) * Proteínas dobradas incorretamente.
- Dano mitocondrial
- Influxo intracelular de Cálcio
- Estresse Oxidativo (Produção de radicais livres)
- Defeitos na permeabilidade da membrana
Suponhamos que um certo estímulo está estressando uma determinada célula... Ex: Um indivíduo tem problemas circulatórios, e uma crise de hipotensão severa deixa um tecido específico isquêmico ( Falta do fluxo sanguíneo ) Essas células associadas a esse tecido vão sofrer as primeiras alterações de lesão:
- Redução de ATP, pela falta de Oxigênio
- Perda da integridade da membrana
- Defeitos na síntese proteica
- Danos aos citoesqueleto - Formação de Bolhas na membrana
- Lesão do DNA
Mas controlada essa hipotensão, esse fluxo sanguíneo é reestabelecido e o tecido "a célula" volta ao normal apesar de receber ataques de radicais livres e respostas imunes, mas não aprofundaremos esses efeitos colaterais que nem sempre são evoluídos na isquemia-reperfusão. O importante aqui é saber que o evento foi REVERSÍVEL.
Imaginemos um segundo caso: Um paciente acidentou-se gravemente, decorrendo parada cardio-respiratória e hemorragia intensa. Houve demora no socorro da vítima, levando a evolução da lesão tecidual, consequentemente a cruzar o limiar da lesão irreversível. Como estudante de Biomedicina comento aqui os eventos procedentes que são característicos da irreversibilidade, pois vários autores não sabem de fato o quando se dá esse limiar. "O ponto de dizer: Não tem mais jeito"!
Os vilões responsáveis pela irreversibilidade.
- Dano a todas as membranas celulares
- Edema dos lisossomos
- Vacuolização das mitocôndrias
- Descarga de cálcio extra e intracelular (Guardados nas mitocôndrias e no R.E.)
- Extravasamento de metabólitos.
Resumindo: Dois fenômenos caracterizam a irreversibilidade:
1° Incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial - abertura dos poros de transição de permeabilidade, com extravasamento de enzimas, como o citocromo C, que desencadeia a morte por apoptose também.
2° Alterações profundas das membranas "rompimento total" e edema dos lisossomos.
Para um bom compreendedor, distingui-se assim os vilões letais acima citados como aqueles responsáveis pelo o agravamento do estado da célula. É como num campo de batalha, onde os soldados perdem o controle da guerra (Perda da homeostasia) e os Muros ( membranas) começam a serem invadidas... E O PONTO DE IRREVERSIBILIDADE? Está na determinação do agressor... Os soldados passam para um CAMPO COMPLETAMENTE MINADO, e aí, não tem mais volta. É MORTE, prevaleceram aí os VILÕES LETAIS!
Émerson de Oliveira.
Fonte: Robbins & Cotran - Patologia - Bases patológicas das doenças.
Texto muito bom... porreta!
ResponderExcluir